Os 100 anos da Revolta da Chibata foi tema de Audiência Pública, realizada nesta terça-feira(30/11), a partir das 20hs, na Câmara Municipal de Vitória. O proponente do debate  foi o vereador Juarez Vieira (PSB).

Juarez deu início à audiência discursando sobre a importância de se falar sobre a Revolta da Chibata e relembrar seu principal personagem, João Cândido, que lutou por melhores condições de trabalho na marinha até o final de sua vida. “È uma data significativa na História do Brasil porque marca aquilo que o racismo sempre pregou: de que no Brasil não existe racismo. O racismo ainda perdura e o sistema tem uma capacidade muito grande de esconder os fatos históricos como esta situação perversa de tortura”, afirmou.

O parlamentar destaca que, assim como a Revolta da Chibata, a História do Brasil está repleta de movimentos  populares que combatiam a escravidão. “Temos que refletir que a escravidão no Brasil não foi pacífica, como pregam nossos livros. Tivemos muitas guerras, muitos negros que foram à luta pela liberdade. Foram muitas manifestações como a Revolta da Chibata, por isso a importância de estarmos aqui hoje, trazendo o neto daquele que foi perseguido porque teve a coragem, num momento terrível da história do Brasil, de levantar a história do herói da Revolta da Chibata”.

O historiador e palestrante da noite Marco Morel, que é neto de Edmar Morel, falou da emoção de estar apresentando o tema do livro de seu avô e destacou a importância da Audiência. “Quero parabenizar por esta iniciativa coerente e corajosa em fazer esta Audiência Pública em homenagem à Revolta da Chibata porque eu penso que é um tema que até hoje incomoda, embora tenha um grande significado para cada um de nós”, ressaltou.

“Fico sensibilizado pela importância do tema que ainda é muito silenciado na nossa Historia e por ser um livro escrito pelo meu saudoso avô Edmar”. Morel apresentou uma palestra, ilustrada com uma série de imagens do movimento, relatando as circunstâncias históricas da Revolta da Chibata.

Na ocasião foi aclamada a coragem do jornalista Edmar Morel, que em 1959 lançou o livro “Revolta da Chibata”, tornando público os episódios que a história oficial não contava. Tal ato heróico de Edmar Morel lhe custou os direitos políticos e seu emprego de repórter.

O jornalista Edson Miranda, bisneto de João Cândido, também lembrou a importância de João Cândido e disse que em nossa sociedade “muitos perderam suas vidas lutando por seus direitos. Se hoje temos a oportunidade de reivindicar é porque muitos negros, índios e mulheres brigaram por seus espaços. E falar de João Cândido é remeter todas essas classes”.

O coral Johara (nome de origem africana que significa “Jóia”), composto por crianças e adolescentes das escolas Martinho Lutero e Regina Maria Silva, apresentou músicas em  africano e a melodia “O Mestre Sala dos Mares”, de João Bosco, na versão original, antes da censura.

 A Mesa de Honra foi composta pelo vereador proponente; pelo Diretor de Comunicação e Jornalismo da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB-ES), Edson Miranda; e pelo palestrante do evento, Marco Morel, que é historiador Pós-Doutorado pela USP, escritor e professor da UERJ. O vereador Namy Chequer (PC do B) esteve presente ao evento.